Durante uma live da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), na noite dessa quinta-feira, 28, a coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa da Mulher (Nudem), defensora pública Franciana Di Fátima Cardoso, falou sobre a questão da violência doméstica no Tocantins. O debate foi mediado pela assistente social, pesquisadora em violência doméstica e professora da Unitins, Alessandra Ruita Czapski, e contou ainda com a participação do tenente-coronel da Polícia Militar do Estado do Tocantins, João Leyde de Souza.
Na ocasião, foram apresentados dados de violência à mulher no Tocantins neste período de pandemia. Apesar de a Polícia Militar apresentar números que mostram uma queda de 31% de casos de denúncias de violência doméstica, a Defensora Pública ressalta que tal diminuição nos índices não é motivo de comemoração, mas de preocupação. “O Tocantins é o 5º estado da Federação em que a mulher é mais agredida. Desde o início da quarentena, os números de registros de casos de denúncia diminuíram porque muitas dessas mulheres fazem as dessas denúncias quando vão ao trabalho, à rua, mas o isolamento social acaba impedindo essa facilidade para que elas peçam ajuda”, destacou. De acordo com Franciana Di Fátima, é necessário reinventar os canais de acesso às denúncias para garantir proteção às mulheres.
Na ocasião, a coordenadora do Nudem reforçou sobre a necessidade de se garantir melhor estruturação tanto na patrulha quanto no atendimento das delegacias às vítimas, para que a falta de aparelhamento e especialização no atendimento não aconteça a revitimização. “É muito complexo a mulher chegar a uma delegacia e questioná-la o porquê dela ter sido agredida. Isso é uma agressão institucional”, alegou.
A mediadora do debate e professora da Unitins lembrou que, na maioria dos casos, a violência acontece no lar, no seio intrafamiliar. “O local onde a mulher deveria estar resguardada e ter a sua saúde física, psíquica e mental muito mais reforçada. Mas, infelizmente, é onde são acometidas as maiores ilicitudes, de forma invisível e insidiosa. É complexo a gente ainda discutir a violência doméstica em pleno século 21, o que já deveria ter tido evolução há muito tempo, mas ainda é um fenômeno muito perverso e acontece em todas as classes sociais e econômicas”, afirma Alessandra Ruita.
A coordenadora do Nudem complementou que a violência doméstica tem raízes nas relações de gênero, de conflito, construída a partir do machismo e patriarcado. “A violência é construída a partir de um modelo machista e patriarcal da sociedade onde o homem é o único que pode ter a palavra e poder de decisão. E é neste momento, no exercício de autoridade, que aparece o exercício de violência, que não afeta apenas as mulheres, mas também crianças e idosos”, pontuou.
A live completa está disponível neste link, no canal do youtube da Unitins.