A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) realizou, nessa quarta-feira última, a roda de conversa “Semana da Mulher: ‘tinha que ser... só podia ser mulher!’”. Desenvolvida por meio de plataforma online e em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a atividade colocou defensoras públicas, servidoras, estagiárias e voluntárias da Instituição, além alunas do curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em diálogo sobre a necessidade de se combater a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher.
Responsável pela primeira palestra do evento, que teve como temática “Efeitos de uma cultura patriarcal sobre as relações humanas”, defensora pública titular da 15ª Defensoria Cível de Palmas, Elydia Leda Barros Monteiro ressaltou que a cultura do patriarcado aliado às demandas do capitalismo pela exploração do trabalho e ampliação constante dos mercados consumidores impõe a homens, mulheres e pessoas não binárias consequências graves que afetam negativamente sua saúde física, emocional e sua forma de ser e estar no mundo.
“Sobre as mulheres esses impactos são permanentes e cada vez maiores, já que estas absorveram as funções de manutenção e proteção [exclusiva, em muitos casos] da prole, além do trabalho externo, sem que deixassem de realizar de forma solitária e não remuneradas as funções de educação e cuidado. Além disso, também são as mulheres as mais impactadas por todos os movimentos conservadores que reagem violentamente ao inexorável movimento de avanço social”, ressaltou Elydia Monteiro.
Advogada criminalista professora da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) e da Faculdade Cesup, Cristiane Dorst Mezzaroba palestrou sobre o tema “Violência doméstica e familiar contra a mulher: os números de uma tragédia brasileira”. De acordo com a docente, não é mais possível discutir sobre gênero sem considerar os dados, cada vez mais avassaladores, de agravamento da violência doméstica contra a mulher.
“Embora esse não seja um problema exclusivo do Brasil, considerando que a Organização Mundial da Saúde divulgou recentemente que cerca de um terço das mulheres do mundo já sofreu algum tipo de violência física ou sexual, no Brasil, os números da vitimização da mulher dentro de casa vêm chocando a cada ano. Verificamos que 50% das agressões sofridas por mulheres ocorreram no ambiente doméstico, sendo quem em mais de 90% dos casos o agressor é a pessoa com quem a vítima mantém ou manteve algum relacionamento afetivo. Alarmante, também é saber que 45% das mulheres que já sofreram algum tipo de abuso ou agressão não buscaram ajuda. A maioria afirma que não acredita que o Estado trará alguma solução para o seu problema. Enfim, é preciso trazer esses números para as rodas de conversa, relacioná-los com nosso histórico social, nosso modelo de educação, nossas políticas públicas de enfrentamento da violência e compreender o que precisa ser mudado para garantir a segurança das mulheres, especialmente dentro de suas casas”, pontuou Cristiane Mezzaroba.
A roda de conversa contou, ainda, com a apresentação da defensora pública titular da 1° Defensoria Pública de Miracema do Tocantins, Franciana Di Fátima Cardoso Costa, que colocou em pauta o tema “Desafios da atualidade no mundo feminino”.
Mediada pela coordenadora do Núcleo Especializado de Proteção e Defesa aos Direitos da Mulher (Nudem) da DPE-TO, defensora pública Pollyana Lopes Assunção, a atividade é fruto de uma parceria entre a Defensoria Pública e a UFT no que abrange as ações voltadas ao Dia Internacional da Mulher.
A atividade foi desenvolvida por meio da Plataforma AVA, disponibilizada pela UFT. As organizadoras e as mulheres inscritas receberam certificados pela participação.