A parentalidade atípica diz respeito aos pais cujos filhos têm um desenvolvimento que foge do esperado, do típico, do padrão considerado normal, como em casos de deficiências físicas ou mentais. O assunto foi tema do evento online “Mães Atípicas - saúde e visibilidade social”, que contou com a participação do defensor público da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) Murilo da Costa Machado.
Realizado pelo curso de Comunicação Social, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o evento foi exibido pelo canal Inovajor nessa terça-feira, 14, e contou com a participação de cerca de 200 pessoas. O evento trouxe uma mesa redonda com a proposta de conhecer quais são os direitos legais de mães atípicas e seus filhos, pessoas com algum tipo de deficiência.
Na ocasião, o defensor público Murilo Machado, da 3° defensoria publica de família da capital, apresentou um pouco da sua vivência enquanto pai de criança com deficiência múltiplas, a Esther, que teve hidrocefalia congênita e, em razão disso, possui deficiência física, intelectual, autismo e epilepsia. “Eu também não gosto de romantizar a situação. Se me perguntarem se eu gostaria que a minha filha fosse deficiente eu diria que não, mas ela é deficiente e eu, enquanto pai, busco todas as alternativas possíveis para diminuir as conseqüências e dificuldades a serem enfrentadas, sempre buscando a felicidade de minha filha e de nossa familia”, disse.
Murilo Machado abordou ainda a constituição federal, destacando as garantias fundamentais e o acesso universal e igualitário do direito à saúde, o estatuto da pessoa com deficiência e instigou o debate sobre o rol taxativo e o acesso a tratamentos de saúde para as pessoas com necessidades especiais. “A ciência é muito dinâmica, talvez na pandemia a gente tenha experimentado um pouco disso, acompanhando as mudanças rápidas sobre medicamentos, vacinas e tratamentos. Estamos vendo também algumas mudanças nos tribunais superiores, principalmente nas questões relacionadas à saúde. Então, devemos estar prontos para lutar e fazer o enfrentamento necessário para garantir acesso universal à saúde e outros direitos das pessoas com deficiência. Não podemos deixar o Estatuto da Pessoa com Deficiência virar mais uma lei com letras mortas”, alegou criticando a falta de análise distinta dos direitos das pessoas com deficiência, especialmente acerca do direito à saúde, seja pelo SUS ou pelos planos de saúde.
Mãe atípica ativista, historiadora e professora, Elizabeth Bezerra de Oliveira também externou a sua experiência e sentimento. “Os termos foram muitos e muitas mudanças. Mãe Especial, Mãe de Pessoa com Deficiência, mas o termo Mãe Atípica – que é novo - reuniu muitas outras possibilidade. Ele engloba qualquer mãe que foge da rotina normal da atividade de ser mãe. Essa mãe está hoje sobrecarregada, pois tem que trabalhar, cuidar dos filhos, do marido e ainda desse filho, pois a desconstrução do machismo ainda não ocorreu. Então, precisamos ressignificar tudo, amizades, a nossa vida a dois, no trabalho e vida social”, declarou Elizabeth.
Também estiveram presentes no debate o professor do Curso de Direito da UFT Vinícius Marques; a presidente da Associação de Mães e Anjos Azuis de Recife (PE), Andreza de Castro; e o especialista em Auditoria e Gestão Pública em Saúde, Frederico Silvério. A mediação do evento foi realizada por uma acadêmica do curso de Medicina da UFT Natália Quaresma.