Matéria atualizada dia 16/09/2022 às 9h01
O atendimento em saúde para as pessoas trans e de assistência social para moradores de rua na Capital foram o foco de vistoria da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), por intermédio do Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa) e Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas (Nuamac) de Palmas. As inspeções aconteceram nessa quarta-feira, 14, no Ambulatório de Atenção à Saúde (Amas) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
As vistorias foram feitas pelo coordenador do Nusa, defensor público Freddy Alejandro Solórzano Antunes e da coordenadora do Nuamac Palmas, defensora pública Letícia Amorim, que estavam acompanhados de assessores dos Núcleos.
No Amas, foram visitados os consultórios, salas de exames, de repouso, almoxarifado e outros ambientes da unidade. O objetivo foi o de verificar as instalações para a prestação de serviço especializado em saúde na Capital, em especial o atendimento para pessoas trans.
Segundo Freddy Alejandro, a unidade de saúde não possui um atendimento específico para as pessoas trans, mesmo alguns necessitando de tipos de atendimentos específicos, como psicológicos.
Para Letícia Amorim, é fundamental a implantação de fato do Núcleo Dandara, que é o ambulatório de atendimento para as pessoas trans, haja vista que a instalação efetiva do referido atendimento é pleito necessário para efetivação dos direitos da população LGBTQIA+, como a construção de uma rede de saúde capaz de atender as demandas especificas desse público.
Núcleo Dandara
O ambulatório é uma cobrança antiga da Defensoria Pública e já foi alvo de muitas tratativas extrajudiciais e judiciais. O Núcleo foi implantado com o auxílio da DPE-TO em 2019, mas teve as atividades paralisadas em 2020, em virtude da pandemia. Tanto o Nusa quanto o Nuamac Palmas obtiveram a informação de que o ambulatório estaria funcionando na sede do Amas, contudo, durante a vistoria foi informado que ele não está no local e não souberam informar se está em alguma unidade.
Conforme a equipe técnica do Amas, as pessoas trans que necessitam de atendimento na unidade são inseridas na agenda da regulação e caso necessitem de cirurgia de redesignação são encaminhadas para outro Estado da Federação.
Diante disso, a DPE-TO irá oficiar a Prefeitura de Palmas para prestar informações.
População em situação de Rua
No Creas, a Defensoria Pública apurou com a equipe técnica informações sobre acolhimento e atendimento em situação de rua. Sob a mediação da coordenadora do Nuamac Palmas, defensora pública Letícia Amorim, técnicos e diretoria do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), vinculado ao Creas, responderam a questionamentos referentes à referida população com o objetivo de garantir um mapeamento e diagnóstico, bem como a efetivação implantação de uma rede de apoio e que futuramente se possa firmar parcerias com a Defensoria Pública. Restou diagnosticado uma série de dificuldades, como por exemplo, em relação a emissão de documentos pelo Instituto de Identificação, de modo que a Defensoria irá solicitar reuniões para debater sobre esse tema e outros afetos as pessoas em situação de rua. Outro problema que foi pautado é questão dos banheiros públicos, onde a população em situação de rua pode usar para tomar banho de forma regular. A Defensoria Pública apontou algumas soluções que serão debatidas com o Poder Público e a população em situação de rua.
Em relação às pessoas idosas os questionamentos demonstram que há um déficit na rede de atendimento ao referido público, situação semelhante à população em situação de rua. Sendo necessária uma atuação da Defensoria Pública a fim de requerer a implantação de outro CREAS na Capital, tendo em vista o que está determinado na legislação especifica em relação ao quantitativo populacional.
A Defensoria Pública iniciará uma agenda de reuniões com os poderes legislativo e executivo da Capital, a fim de organizar uma agenda para debater as conclusões das inspeções com o objetivo de melhor atender ao cidadão trans, em situação de rua e a pessoa idosa.
Na oportunidade, a Defensora Pública ainda colocou a instituição à disposição para atuações em parcerias de atendimento e orientações jurídicas.