A comunidade quilombola Barra da Aroeira está localizada no município de Santa Tereza do Tocantins (TO). Nela residem cerca de 150 famílias descendentes de africanos que foram escravizados no Brasil. Essas famílias vivem em uma área de cerca de mil hectares.
A comunidade foi formada com o casamento de Félix José Rodrigues e Venância Rodrigues, que viviam em um quilombo no Sul do Piauí. Félix alistou-se no Exército (1867) para ir à Guerra do Paraguai a fim de conquistar sua alforria. Como recompensa por sua participação no confronto, recebeu a doação de "12 léguas em quadra de terras" (cerca de 79 mil hectares). O casal migrou para a terra por volta de 1871. Porém, conforme os moradores, o documento original de doação das terras foi destruído em um incêndio e as tentativas posteriores de reconhecimento e registro não foram executadas, ocorrendo a ocupação da área por outros ex-descendentes africanos escravizados a partir de 1930, data de início da formação da comunidade.
O grupo vive em sob constante ameaça de grileiros e conta com a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) nas atuações e ações de garantia de seus direitos, entre eles, o do território.
A principalmente fonte de subsistência da comunidade é a agricultura, com suas roças de arroz, milho, mandioca, feijão, abóbora, hortaliças e extrativismo do pequi, buriti, bacaba e baru, compondo uma grande diversidade. A comunidade conta, ainda, com muitas parteiras, benzedeiras, rezadeiras, raizeiras, tocadores de viola de buriti e foliões (folias de Reis e do Divino).
O grupo quilombola Maculelê Raiz [foto] representa a marcante vida cultural na comunidade. “Sou eu, sou eu, sou eu Maculelê, sou eu/ Viva Zumbi, nosso rei negro/ Corre pro mato que a batalha começou/ Vamos lutar meu senhor” é uma das cantigas entoadas pelo Grupo: uma expressão cultural advinda dos antepassados, mas também um grito de resistência por melhores condições de vida e do exercício de direitos.