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“Eu sinto saudades de coisas simples do meu dia a dia, como ver o sol, ouvir um eu te amo da minha filha e ver o reflexo do meu rosto em um espelho. Lá fora o tempo passa rápido, mas aqui tudo é muito devagar e os pequenos detalhes fazem a diferença. Me ver refletida nessa dinâmica é doloroso, pois as marcas do tempo doem e me fez refletir sobre o quanto de tempo eu perdi por causa dos meus erros.”
O depoimento é de uma reeducanda da Unidade Prisional Feminina de Palmas (UPF), durante roda de conversa em homenagem ao Mês da Mulher. A ação aconteceu nesta quinta-feira, 7, por iniciativa do “Projeto Viva - Visita Interdisciplinar e Vínculo Afetivo: Transformando histórias”, da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), por meio do Núcleo Especializado de Assistência e Defesa ao Preso (Nadep).
Na ocasião, a coordenadora da Equipe Multidisciplinar, psicóloga Dayelly Borges do Nascimento, direcionou um bate-papo e dinâmicas que focaram em um ambiente de fala e escuta, aberto e inclusivo, com compartilhamento de ideias, histórias e reflexões sobre questões relacionadas à mulher e o dia a dia das custodiadas. A atividade contou com participação, também, da analista jurídico do Nadep, Gardene Ferro, a assessora do Nadep, Thaíla Nogueira Lino, e estagiárias do Projeto Viva.
Durante a roda de conversa, as mulheres presas tiveram a oportunidade de falar abertamente sobre suas lutas, ansiedades e medos. Muitas expressaram gratidão pela oportunidade de receber apoio emocional e psicológico, algo que muitas vezes é escasso no ambiente prisional.
De acordo com a Coordenadora da Equipe Multidisciplinar da DPE-TO, a proposta foi oferecer cuidados físicos e emocionais, a fim de trabalhar a autoestima e o reconhecimento de suas potencialidades, além de incentivá-las a refletir sobre novos significados em suas trajetórias e relações afetivas, tanto dentro quanto fora do contexto de encarceramento, promovendo o protagonismo, a independência e a autonomia das participantes em relação às suas próprias histórias. “Aqui a gente acolhe e respeita cada dor, sem julgamentos prévios, mas com um espaço de escuta e compartilhamento de experiências e emoções”, declarou a psicóloga.
Compartilhando experiência
Encarcerada na UPF há seis meses e mãe de dois filhos, uma reeducanda afirmou que a iniciativa foi importante para apoio emocional e psicológico. “Eu sinto como se tivesse me colocado na tomada com as baterias recarregadas para enfrentar os desafios aqui do nosso dia a dia”, relatou. Uma colega dela de cela complementou que o projeto foi importante para quebrar um pouco do ambiente tenso que o cárcere proporciona. "Às vezes, é fácil se sentir esquecida ou desvalorizada, mas eventos como este nos lembram que ainda somos humanas e merecemos apoio", disse outra detenta emocionada.
Dia de Beleza
Este foi o segundo dia de ação do projeto Viva em homenagem ao Mês da Mulher na unidade prisional. Nessa quarta-feira, 7, o projeto proporcionou um dia de beleza com maquiagem, penteados e tranças nos cabelos. O objetivo foi o de elevar a autoestima das mulheres presas, além de incentivá-las a refletirem sobre novas trajetórias, tanto dentro quanto fora do contexto de encarceramento.
Projeto
O "Projeto Viva - Visita Interdisciplinar e Vínculo Afetivo: Transformando histórias" é realizado por meio do convênio nº 931371/2022, firmado entre a Defensoria Pública do Estado do Tocantins e a União, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
