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A Sociedade despertando do berço esplêndido

Publicado em 24/06/2013 09:42
Autor(a): Autor não informado
A Sociedade despertando do berço esplêndido - Foto: Sadraque Nóbrega

 

Enquanto grande parte dos políticos e da elite do nosso país consegue representatividade por meios antiéticos, usurpando indevidamente de benesses do estado brasileiro, supondo-se superior aos demais, especialmente em relação à camada mais pobre da nossa população, exigindo “licença” para tudo o que entenda, a exigir  mais respeito e honra do que pensa serem devidos aos outros (é o que exige o espírito arrogante), a sociedade vai se organizando, desenvolvendo paulatinamente sua própria força de defesa,  auto imunizando das mazelas,  entendendo, agora a crucial necessidade de se defender dos abusos, da corrupção, da deturpação moral e familiar que campeiam o mundo globalizado. O instinto de autodefesa parece estar se alastrando pela sociedade globalizada, fazendo o contraponto aos detentores do poder e dele beneficiários, pois à medida que estes crescem na vida política e econômica surge a vocação extraordinária, fantástica, para retirar da sociedade os recursos por ela produzidos que deveriam ser canalizados para melhorias na prestação dos serviços públicos. A política está se tornando “hobby” para os afortunados que escandalosamente relativizam o interesse público, saqueando o Estado brasileiro. As tratativas políticas especialmente no nosso Estado parecem mais assembléias de acionistas para alterações de contratos sociais de empresas privadas.

Nunca se debate nada com a sociedade, as demandas nascem dos grupos econômicos que pressionam as autoridades públicas, e nesse ínterim realizam o parcelamento do solo criando novos bolsões de espaços vazios, tudo previamente acordado com o legislativo, sancionado pelo executivo. Mantém-se intocável o famigerado cartel de combustíveis com o estado eqüidistante de tudo que acontece. A insensatez chega ao absurdo de fatiar o serviço público entre partidos, lamentavelmente desprezando o princípio da meritocracia. Inegável que gestões públicas são complexas, há um emaranhado de interesses, por isso a atuação dos poderes, executivo, legislativo e judiciário deve ser justa, equilibrada, devendo colocar sempre o cidadão no centro das políticas públicas. Abominar a auto-concessão de benefícios ou auxílios como queiram denominar por parte dos poderes é pensar o Brasil republicano e não como republiqueta, perpetuando o patrimonialismo de estado enraizado desde a colônia. 

A “lenga-lenga” é antiga. Faltam escolas de qualidade, creches para mães carentes, hospitais e postos de saúde para assegurar constitucionalmente o direito à saúde; transporte coletivo e abrigos para passageiros sucateados ou inexistentes. Inegável o desprezo com que o estado trata o cidadão. A percepção da sociedade que está pagando mais que poderiam pagar para atender as necessidades maiores do estado e às necessidades menores dos detentores do poder seja do executivo, legislativo ou judiciário explodiu. Devem tratar com seriedade as demandas da coletividade. A elite que organiza, planeja e executa as políticas públicas, ao mesmo tempo não as utiliza. Quando adoecem tratam-se nos hospitais privados não utilizando ambulâncias em frangalhos, mas helicópteros e UTI’s aéreas. Não trafegam por nossas rodovias, pois utilizam transporte aéreo. Quanto ao caos no transporte urbano, creio que imaginam que o sistema é perfeito, pois também não o utilizam,  andam de ônibus apenas quando são conduzidos nos pátios dos aeroportos, certamente por acharem divertido o traslado imaginam que a sensação de divertimento é extensiva a milhões de brasileiros.

 

Autor: Defensor público Marcello Tomaz de Souza         

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