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Campanha “Em Defesa Delas” repercute em rodas de conversa em Araguaína

Publicado em 16/05/2019 14:44
Autor(a): Keliane Vale
Campanha “Em Defesa Delas” repercute em rodas de conversa em Araguaína - Foto: Keliane Vale

Falar de desigualdade de gênero é um desafio diante de situações como o machismo estrutural da sociedade. A conscientização é uma forma de enfrentamento e de colocar homens e mulheres para refletir sobre as problemáticas e a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), em Araguaína, colocou isso em prática, convidando assistidos da Instituição para discutir o tema.

Na quarta-feira, 15, foi com as mulheres. Já nesta quinta-feira, 16, foram os homens. A ideia era deixar o espaço livre de censuras para abordar o assunto a fundo, tendo como gancho a campanha “Em defesa delas: defensoras e defensores públicos pela garantia dos direitos das mulheres”, da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) para o Maio Verde – mês das Defensorias – desse ano.

Mulheres

O momento com as mulheres contou com uma roda de conversa, coordenada pela equipe multidisciplinar da comarca, que abordou o tema: “empoderamento feminino”, enfatizando o crescimento e fortalecimento do papel de todas as mulheres na sociedade. As participantes da roda foram provocadas a falarem das suas impressões com imagens alusivas ao tema, o que surtiu um bom engajamento nas discussões.

A psicóloga Vanessa Sales alertou para a naturalização de padrões, que são repetidos diariamente pela maioria das pessoas que refletem o machismo de forma não percebida. Já a assistente social Fernanda Cristina Campelo explicou a sutileza de comportamentos que também violam pouco a pouco a autonomia feminina.

A maior repercussão foi sobre o ciclo da violência doméstica, onde o parceiro extravasa gradualmente atos de violência, muitas vezes com promessas de melhorias, mas com a falta de consciência sobre o comportamento adequado na relação conjugal, não há mudança efetiva. (Ciclo da violência doméstica - o termo foi adaptado de "Cycle Theory of Violence", teoria da psicóloga norte-americana Lenore Walker em "The Battered Woman" de 1979, que abarca três fases de padrões abusivos em uma relação afetiva, sendo elas a tensão, a explosão e a “lua de mel” em sequência e em espiral. Fonte: Agência Patrícia Galvão)

“Ainda é incipiente o tratamento do agressor”, disse a defensora pública Aline Mendes, que falou ainda sobre a mudança na Lei Maria da Penha para trazer medidas de proteção a mulheres que residem em comarcas pequenas. Segundo à nova norma, verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da vítima, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a pessoa ofendida, que poderá ser realizado por delegado de polícia, quando o município não for sede de comarca, ou policial, quando o município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.

Homens

No bate-papo com os homens, que teve a colaboração do psicólogo Edilson Barros de Macedo, o defensor Pablo Mendonça Chaer falou de “desconstruir o machismo”. Chaer explicou que muitas demandas trazidas ao judiciário demonstram o encargo da mulher, em detrimento da responsabilização do homem, como a pensão alimentícia, entre outras desigualdades que afetam mais a mãe devido a ausência paterna. “O encargo de atividades domésticas, cuidado dos filhos, minam várias oportunidades na vida dessa mulher”, disse.    

Para o defensor público, a educação e o debate contínuos podem afastar a resistência de discutir com homens sobre o machismo. "Devemos utilizar de estratégias não apenas punindo, mas tentando a ressocialização", disse. Um dos projetos do Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas (Nuamac) de Araguaína, com parceria do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), é buscar apoio do Tribunal de Justiça na efetivação da justiça restaurativa, no âmbito da violência doméstica, na comarca de Araguaína.   


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