Uma mesa redonda na programação do I Simpósio de Saúde Mental de Araguaína (I Sisma) discutiu, na sexta-feira, 3, as “internações como estratégia de cuidado”. Esteve presente o defensor público Sandro Ferreira, titular da 17ª Defensoria Pública da Fazenda Pública e Registros Públicos de Araguaína.
Em sua fala, o defensor público reforçou que a internação compulsória tem previsão legal, apesar das suas divergências pessoais, pois se preocupa com a autonomia do sujeito, defendendo que este tipo de procedimento não seja uma política higienista, nem resolver problemas sociais e familiares. Contudo, explicou que as situações que chegam à Defensoria são de assistidos com crises constantes de autoagressão e heteroagressão, em que a alternativa é a busca de alguma medida de proteção da pessoa.
“Antes de lutar por um modelo ideal, devemos discutir a violação de direitos humanos nos serviços de saúde existentes e onde não os serviços que não são disponibilizados”, explicou.
A mesa contou com o relato de um paciente em recuperação do CAPS ad (Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas) sobre sua vivência de internações. “Por que eu procuro as drogas? Eu tenho depressão, me dão um remédio para controlar minha ansiedade, mas minha situação continua a mesma, eu não tenho casa, não tenho emprego”, disse.
Na ocasião, o psicólogo Eduardo Pinho questionou as medidas de cerceamento da liberdade como tratamento, explicando que o processo deve considerar a complexidade do sujeito, responsabilizando-o e implicando-o, favorecendo uma melhor elaboração da escuta. Ele também destacou a necessidade de investimento em pesquisas que possam desmitificar o tratamento aplicado aos usuários e dependentes de drogas.
O evento foi realizado pela Associação Formação Social, com apoio da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Prefeitura de Araguaína.