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Doença mental e inclusão social

Publicado em 03/09/2018 16:16
Autor(a): Autor não informado
Isabel Cristina Izzo é analista em Gestão Especializada na Diretoria Regional da DPE-TO em Gurupi - Foto: Arquivo pessoal


Por Isabel Izzo*


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2005 a 2015 verificou-se que 18% da população mundial apresentou depressão. Isso equivale a 300 milhões de pessoas ou 4,4% da população. Nesta mesma pesquisa, ainda se verificou que 800 mil pessoas tiraram suas vidas a cada ano. A cada quatro pessoas, uma estaria propensa a sofrer algum tipo de problema em sua saúde mental, segundo o Órgão.

Considerando a missão institucional da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) de assegurar o acesso à justiça, integral e gratuito aos necessitados, promovendo cidadania, com atendimento humanizado e de qualidade, assistidos que apresentam transtornos mentais, juntamente com seus familiares, também vêm buscar os serviços que requerem atenção especial, para várias demandas, e cabe-nos realizar um bom acolhimento vislumbrando, acima de tudo, a inclusão social. Para isso, faz-se necessário estarmos munidos de conhecimento e desprovidos de estigmas ou preconceitos.

A doença mental pode estar presente em qualquer indivíduo, independentemente de idade, classe social, profissão, gênero ou raça, impossibilitando que muitas pessoas possam relacionar-se adequadamente com familiares ou no trabalho, impedindo que atinjam seu rendimento total, o que pode afetar o ambiente de forma generalizada.

Se estes dados inquietam apenas os mais humanizados, lúcidos e empáticos, certamente há de preocupar também os capitalistas e a sociedade como um todo, já que os transtornos mentais têm apresentado significativos resultados negativos para a economia de muitos países. Segundo o Fórum Econômico Mundial e a Escola de Saúde Pública de Harvard, a perda de produção econômica devido às doenças mentais será de US$ 16,3 trilhões, entre 2011 e 2030.

Segundo a Cartilha de Orientação em Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (2009), “É preciso olhar o sujeito como um todo, sua mente e o contexto onde vive e considerar suas necessidades integrais”; “Ser saudável não significa apenas não ter doenças, depende de muitos fatores como boa alimentação, uma morada adequada, contar com água e esgoto na comunidade. Também é condição de saúde ter trabalho e renda, educação, segurança, acesso aos serviços de saúde, lazer e acesso a bens e serviços disponíveis na comunidade”.

Zygmund Bauman, sociólogo polonês, nos esclarece: “pertencer a uma comunidade significa renegar parte de nossa individualidade em nome de uma estrutura montada para satisfazer nossas necessidades de intimidade e da construção de uma “identidade”.

Especificamente, com o desenvolvimento do projeto “A Prevenção ao Suicídio”,  que alcançou cerca de 900 alunos, desde o ano de 2017,  após participarem de palestras e conversas abertas  acerca de depressão, ansiedade e melancolia, alunos da rede estadual de ensino de Gurupi foram identificados com automutilação e tentativas de suicídio, o que os levou a buscar  apoio emocional  junto à rede de saúde pública.

Visto pela Diretoria Regional de Ensino (DRE) do Município como um problema que tem tomado grandes proporções dentre os alunos, ampliou-se as discussões em busca de soluções em parceria com a DPE, o que culminou em adesão de alguns profissionais da área de psicologia da região que se dispuseram a realizar palestras acerca do assunto junto às unidades escolares e a realizar possíveis atendimentos clínicos em casos considerados mais graves.

Quem ganha com a prevenção à ansiedade, depressão e põe em discussão, sem estigmatizar a doença mental, pode promover e resgatar a saúde mental e a qualidade de vida, sendo por meio de atuações diretas na área da saúde, seja por meio de instituições que têm acesso a vários grupos ou comunidades, viabilizando promoção de conhecimento e viabilizando os encaminhamentos necessários junto à rede de apoio e de saúde.

Que os frutos oriundos das lutas pelos direitos da população hipossuficiente possam ser colhidos por pessoas que se sintam emocionalmente saudáveis e, de fato, inclusas neste complexo contexto social, para inteiramente poderem apreciar seu sabor.


*Isabel Cristina Izzo
é analista em Gestão Especializada-Psicologia da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) em Gurupi


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