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Sensibilização e prevenção ao suicídio são abordados em palestra na Defensoria Pública

Publicado em 01/10/2019 09:39
Autor(a): Marcus Mesquita / Ascom DPE-TO
Palestra aconteceu no auditório da DPE-TO, em Palmas - Foto: Loise Maria/ Ascom DPE-TO



Especialista falou da importância da identificação dos diferentes estágios de acolhimentos, que vão do trabalho de ressignificação ao tratamento especializado


Todo setembro é marcado pela campanha “Setembro Amarelo”, que atua no combate ao suicídio. Apesar da proximidade do fim do mês, porém, “os cuidados devem ser mantidos a cada instante, ao longo de todo o ano, para a vida inteira”, como bem enfatizou Leny Meire Correa Molinari Carrasco, psicóloga que ministrou a palestra “Comportamento suicida: como prevenir, identificar e ajudar?” na Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO). A atividade, que integra o projeto da Instituição “Saúde e Bem-Estar, foi realizada nesta sexta-feira, 27, no auditório da DPE-TO, em Palmas.

De acordo com a palestrante Leny Carrasco, que atua na área técnica da gerência de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Palmas (Semus), toda discussão sobre a temática deve ter início na sensibilização, por meio da qual é realizada a atuação educacional, de conscientização, porém, o trabalho deve ir além dela.

“É preciso se identificar os casos e se ater em como ajudar em cada um deles, que possuem especificidades, pois não são iguais. O risco do suicídio é menor quando a pessoa vive a angústia, a tristeza, mas não fala sobre tirar a própria vida, pois o trabalho, em casos assim, é mais focado na ressignificação da vida. Por outro lado, a preocupação aumenta bastante quando há a verbalização direta, que é um indício muito pontual de que há, de fato, a intenção do suicídio, o que exige uma atenção maior a quem verbaliza, um tratamento especializado”, explicou a psicóloga.

Desmistificação do suicida

Para Leny Carrasco, é fundamental se desmistificar a pessoa suicida para que não predomine um contexto aterrorizante de que todos que vivem algum momento ruim são suicidas em potencial.

“Todos nós passamos por situações difíceis; não dá para se identificar o suicida só pelas características de tristeza e depressão, pois todos nós as apresentamos em algum momento. A pessoa que quer tirar a própria vida passa, antes disto, por um difícil processo de quebra de tabu, porque não é simples assim, de uma hora para outra, se convencer ao suicídio. Por isto, após nos sensibilizarmos sobre quem pode vir a chegar até lá, nós trabalhamos a prevenção pela ressignificação da vida, pela instrumentalização do sujeito para que ele saiba colocar na balança tudo o que é necessário, sabendo dar o devido valor à vida, à família, à função social que possui, às relações interpessoais e outras questões mais”, esclareceu a palestrante.

Saúde mental

Segundo o defensor público diretor-geral da Esdep, Neuton Jardim, o evento teve como objetivo promover a discussão sobre saúde mental, bem como prestar orientações de sensibilização e prevenção do suicídio, além de promover a conscientização das dificuldades na identificação de sinais, oferta e busca por ajuda, devido aos preconceitos e falta de informação, dentre outros assuntos que serão abordados.

“O ‘Setembro Amarelo’ tem este tipo de ressignificação à prevenção ao suicídio, e espero que o evento tenha promovido isto aos participantes, tanto pela apreensão do conhecimento apresentado quanto pela divulgação destes valores no dia a dia, como um aprendizado que levamos para vida”, ressaltou Neuton Jardim.

Para a defensora pública coordenadora-substituta do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Nudeca), Maurina Jácome Santana, a maneira banalizada como muitos tratam a temática torna fundamental se discutir o suicídio e desmistificar este tema.

“Em uma conversa com colegas, que têm bastante conhecimento, um deles me falou ‘acho que as pessoas esperam coisas demais; por isto tem esta história de suicídio’. E outro respondeu ‘não deveríamos nem falar de suicídio; isto só fomenta a ação’. Então, é fácil notar a gravidade destas duas falas. Se entre pessoas tão esclarecidas o tema já é tratado assim, de forma banal, isto só reforça a importância de desmistificarmos o assunto de maneira muito mais intensa, para que as informações corretas cheguem ao maior número possível de pessoas. Por isto, nós devemos, sim, falar sobre o suicídio; inclusive porque isto se trata de questão de saúde pública”, reforçou a Maurina Jácome.

Segundo Simone Vieira, que é estudante do 10º período do curso de Direito, o evento possui grande valor por incentivar a busca por mais conhecimento sobre algo que envolve a saúde mental pública e que aflige a tantas pessoas.

“Palestras como esta enriquecem mais o tratar do tema. Muitas pessoas passam por este problema, de amigos a vizinhos ou conhecidos. Por isto, existe a necessidade de conhecermos melhor o assunto, que envolve uma doença que pode gerar até a morte, mas que pode ser tratada quando recebe a devida atenção de todos”, disse a acadêmica de Direito.

Organização

A palestra foi uma iniciativa da Diretoria Regional de Palmas, por meio do Núcleo Especializado da Saúde (Nusa), Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Nudeca), Gestão de Pessoas e da Escola Superior da Defensoria Pública (Esdep), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Palmas (Semus).



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