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A violência doméstica sob o olhar da Psicanálise

Publicado em 09/09/2020 14:30
Autor(a): Autor não informado
A violência doméstica sob o olhar da Psicanálise - Foto: Autor não informado


*Por Isabel Cristina Izzo

Nas relações onde há agressividade, seja verbal, física ou de outros tipos, a pessoa agredida passa comumente a desempenhar um papel permissivo, permanecendo na relação, mesmo quando pede para não ser mais agredida. Sem se dar conta se enfraquece enquanto ocorre o fortalecimento do agressor, que manterá os ciclos de violência.

Na maioria das vezes, o agressor agride porque não consegue lidar consigo e projeta-se no outro. Este é um processo psíquico complexo, muitas vezes não sendo percebido por seus envolvidos. O agredido vai se transformando em uma espécie de receptor das frustrações do agressor, que por sua vez vai tentando “esvaziar-se” de seus próprios sentimentos, como inveja, incompetência, rancores, ganância, incertezas.

Em psicanálise, chamamos este processo de projeção, que compreende que o que não suportamos em nós mesmos, negamos e “jogamos”, em outra pessoa.

O fato é que nas relações abusivas, segundo a vitimologia (estudo sobre a vítima), o agredido vai sendo paulatinamente anulado, podendo se sentir culpado pelas agressões sofridas, e, alegando vários motivos, mantém-se na relação.

Como exemplos impeditivos do afastamento entre vítima e agressor, podemos citar a falta de independência financeira, o medo de ameaças, a preocupação com a reação dos filhos, da sociedade, etc.

É inegável que estes motivos têm relevância e precisam ser equacionados, mas outro aspecto deve ser considerado pela vítima: sua própria situação emocional e seu posicionamento frente a si.

Buscar a compreensão do por que o relacionamento que deveria ser de afeto e respeito tornou-se tão ruim pode ser uma tarefa difícil, porém necessária. Não se trata de encontrar culpado ou culpados, mas encontrar uma saída para a situação.

A troca do bom pelo ruim não pode ser encarada como uma predestinação, como algo que se tem que passar, mas uma situação que requer interrupção, com intervenção e tratamento, tanto para agressor como para vítima.


*Isabel Cristina Izzo

Psicóloga-CRP 966/23

Analista em Gestão Especializada-DPE-Regional Gurupi.


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