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Maio- Mês da Luta Antimanicomial

Publicado em 21/05/2019 08:49
Autor(a): * Isabel Cristina Izzo
Maio- Mês da Luta Antimanicomial - Foto: Autor não informado


“Quando a instituição destrói e mata, não há solução de compromisso possível, pois seria um compromisso com a morte”

(Franco Basaglia)

Num tempo não tão distante, o dos manicômios, todos os indivíduos inadaptados, indesejáveis e desafetos eram isolados porque eram vistos como “diferentes”, e também não se adaptavam ao sistema produtivo. Engrossavam as listas dos que desviavam do que fosse chamado “normalidade”,  e enviados para os  manicômios, também as jovens mães solteiras, mulheres que foram estupradas, homossexuais, negros, pobres, mendigos, os desafetos políticos. Os enviados para os manicômios amargavam a dor da exclusão social, passando o resto de suas vidas trancados, até a morte.

Após a reforma psiquiátrica, ocorrida em 2001, quem carrega algum sofrimento psíquico ou apresenta algum transtorno psiquiátrico, já não está condenado a fazer parte da história dos hospícios, manicômios e asilos, já que a maior parte deles foi fechada, dando lugar aos serviços de saúde mental substitutivos.

Essa nova era da compreensão do doente mental, ainda parece manter seus estereótipos com representações de cunho negativo, como  agressivo, sem juízo, sem razão. Observa-se que a família e a sociedade ainda apresentam uma atmosfera insatisfatória com relação às experiências com o doente mental e sua inclusão social ainda é incipiente, sendo ainda um grande revés. Enquanto o medo e o desrespeito forem mantidos, não sairemos das representações das internações hospitalares psiquiátricas sem preparo e compromisso com a melhora do doente e seguimos mantendo o estigma e o preconceito.

Não podemos desistir dos doentes mentais negando sua existência, seja por medo deles, seja por que temos medo de ser um deles; os negamos e em desacordo com o método cartesiano, mesmo sem expressar seus pensamentos, continuam existindo, mesmo negados, continuam existindo. Continuam existindo mesmo sem nosso olhar e “nosso consentimento”, e continuam, infelizmente sendo chamados de “os doidos, os malucos, os doidinhos”.

Abandonar os discursos segregacionistas e criar consciência  para a necessidade da aceitação da pessoa doente mental, criar a prática  que cuida e o olhar que o enxerga, garantindo a ele a extinção dos manicômios,  não basta, se muitos  ainda continuam fora de seus lares, sem lugar, perambulando pelas praças e pelas ruas, tornando-se alvos frágeis e fáceis do tráfico de drogas e de outros crimes; continuam sendo separados da sociedade, se hoje, não mais pelos muros dos manicômios, muitas vezes,  pelos muros dos presídios.



* Isabel Cristina Izzo

Analista em Gestão Especializado-Psicologia

Regional Gurupi
















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