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Cortesia gera cortesia: atendimento em espanhol vira socorro para família colombiana

Publicado em 26/02/2019 08:39
Autor(a): Cinthia Abreu
Camila em atendimento à mulher colombiana no CAS - Foto: Manuzy Amorim/ Divulgação

Um estudante colombiano veio para Palmas passar as férias de final de ano com o intuito de passear e aprender português. Porém, um grave acidente de moto fez que o jovem de apenas 22 anos chegasse à beira da morte. Após a colisão com um carro, ele foi encaminhado ao Hospital Geral de Palmas (HGP) com um politrauma, com apenas metade do braço esquerdo e uma grave fratura na face e quadril. Ele foi atendimento emergencialmente com procedimento cirúrgico, mas aguarda há dois meses pela realização de várias cirurgias ortopédicas.

A mãe veio desesperada ao Brasil para tentar agilizar os procedimentos médicos e acompanhar a recuperação do filho. Porém, por não falar português, a colombiana se deparou com uma série de dificuldades de comunicação. Mas foi na Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) que ela encontrou apoio, não só via assistência da Central de Atendimento da Saúde (CAS) para tentar agilizar os procedimentos cirúrgicos com a judicialização, como principalmente com a comunicação.

Foi no CAS que a colombiana conheceu a estagiária Camila Daiane da Silva Rezende, que fala fluentemente o espanhol. “Ela não compreende o português, mas como eu estudei a língua, moro com uma colombiana e já viajei para o País, me ofereci para atendê-la”, disse. Ao perceber a série de dificuldades da colombiana por estar em uma cidade sem conhecer ninguém e com muita dificuldade de comunicação, Camila decidiu auxiliá-la muito além do atendimento inicial, pois foi levá-la com seu próprio carro ao HGP, pois a colombiana não sabia retornar.

“Ela não sabia sequer como voltar ao Hospital porque ela estava a pé e não conhecia nada na cidade. Estava desesperada porque apenas um médico conseguia compreendê-la, mas era difícil encontrá-lo”, conta. Por entender a situação de desespero, a estagiária deu o seu telefone pessoal e se colocou ainda a disposição da mãe para auxiliá-la, voluntariamente, como intérprete.


Ação Judicial

Em razão da dificuldade de ser compreendida, a colombiana relatou no segundo atendimento que não estava conseguindo o prontuário médico. Desse modo, Camila e a supervisora da Central de Saúde, Manuzy Amorim, se dirigiram ao hospital para buscar a cópia do prontuário médico a fim de ajuizar a ação judicial para garantir a realização das cirurgias ortopédicas.

A Ação foi protocolada na sexta-feira, 22. “Ele passou o Natal e Ano Novo no hospital, amputou o braço na hora do acidente e está todo quebrado, precisa realizar com urgência três cirurgias”, completou Manuzy Amorim. Segundo ela, a vítima se acidentou no dia 13 de dezembro de 2018, mas não há sequer previsão para a cirurgia. “Ele ficou muito tempo no corredor, fez apenas a cirurgia para colocar os fixadores, mas a informação que recebemos é que o Hospital está superlotado e não tem material”, complementou.

Camila é estagiária da Central de Saúde há pouco mais de quatro meses e se sente realizada em poder usar seus conhecimentos em favor do assistido. “Me sinto muito realizada em saber que o pouco que a gente sabe pode fazer a diferença na vida das pessoas. A gente tem que se capacitar porque, quanto mais a gente se capacita, mais a gente poderá ser útil para fazer a diferença na vida das pessoas”, ressaltou a estagiária.

Mais do que uma relação de estagiária – assistido, o atendimento em espanhol garantiu à Camila e aos colombianos a formação de uma amizade. Eles têm conversado por telefone com freqüência não só como intérprete, mas também para acompanhar cada etapa da estadia e as principais necessidades da família. “Ela me falou que foi um milagre de Deus ele ter sobrevivido e fiquei muito feliz por poder ajudar. Tanto é que ela já voltou na Defensoria para trazer balinha para mim como forma de agradecimento”, finaliza a estagiária.


Cortesia gera Cortesia

Corregedora da DPE-TO, a defensora pública Irisneide Ferreira aponta que a ação da estagiária cumpre com excelência o que orienta a campanha Cortesia gera Cortesia, que prega a cordialidade no atendimento. A campanha orienta aos servidores a serem cortês em atitudes simples no dia a dia. “Foi exatamente o que esta estagiária fez. É importante sempre pensar no próximo e reduzir ao máximo a dificuldade de comunicação com o assistido. É uma atitude muito linda, não só porque ela foi além do trabalho de estagiária, mas como ser humano. Que nunca percamos a humanidade que existe dentro de nós, a capacidade de nos emocionar e sofrer pelos problemas alheios”, concluiu a corregedora.

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