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Grupos de Orientação sobre Família, Divórcio e Parentalidade

Publicado em 20/02/2019 09:19
Autor(a): Autor não informado
Grupos de Orientação sobre Família, Divórcio e Parentalidade - Foto: Autor não informado


Por Isabel Cristina Izzo*


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um a cada três casamentos termina em separação. Em 2016, no Brasil, foram verificados que de 1,1 milhão de casamentos, 344.000 terminaram em separações.

Na contemporaneidade tem havido muitas mudanças no contexto familiar, tornando-se um desafio para a Sociedade como um todo, e principalmente, aos sistemas que tentam compreender e, de certa forma, organizar os seios familiares, buscar orientações e promover reflexões que culminem em melhorias nos relacionamentos de casais com filhos, que apresentam conflitos quando em processos de separação.

O Núcleo de Mediação e Conciliação (Numecon), em conjunto com a Equipe Multidisciplinarda Regional Gurupi, têm realizado abordagem e orientação a essas famílias. O objetivo principal é provocar nos pais reflexões para criação de responsabilidade e empoderamento, para que tenham condições de protagonizar a solução de seus próprios conflitos, sem a necessidade de intervenção constante do Poder Judiciário, Defensoria Pública ou Ministério Público.

Após avaliações dos resultados obtidos com atendimentos a grupos maiores, o Numecon tem apostado em reuniões com grupos menores e até realizado atendimento a um único casal em conflito que, enquanto pais, são acolhidos e abordados, considerando a versão e as dores emocionais de cada um. São exibidos trechos de filmes e slides que abordam os temas que necessitem ser trabalhados, como alienação parental, comunicação violenta, valorização dos sentimentos de toda a família, importância da empatia, importância da construção e manutenção dos laços parentais, etc; são distribuídos materiais informativos acerca dos temas; propostas conversas e trocas de experiências entre os participantes.

Muitas vezes são necessários vários encontros com o mesmo casal para que a maior quantidade de dúvidas possa emergir, as resistências emocionais sejam minimizadas, para que as informações possam ser, de fato, repensadas e apreendidas.

Pode-se dizer que o maior objetivo dos encontros seja o de despertar seus envolvidos para a nova situação que se apresenta, em que os filhos acabam sendo negligenciados ou superprotegidos, culminando em prejuízo em seu desenvolvimento biopsicossocial, que se reflete no surgimento de doenças, baixa autoestima, ausência do sentimento de pertencimento familiar, queda no rendimento escolar, etc. Não se pode postergar a preocupação com os possíveis  prejuízos  psicológicos mais profundos que poderão surgir nos filhos envolvidos em conflitos familiares, como dificuldades de relacionamentos futuros, dificuldades em estabelecer relações de confiança, dificuldades em lidar com o medo e a culpa.

O Numecon e a Equipe Multidisciplinar esperam que a contribuição que vem sendo dada não se restrinja apenas aos envolvidos em processos judiciais de separação, mas possa promover a busca de equilíbrio e de melhorias nas relações dos assistidos da DPE-TO como um todo, melhorando, inclusive, suas relações interpessoais.

Leonardo Boff, em seu livro “Saber Cuidar”, enfatiza que “uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento com o outro, entra na natureza e na constituição do ser humano”.

Possibilitar formas de transformações internas importantes, não só nos comportamentos, como também no reconhecimento e valorização de sentimentos podem, ao longo do tempo, trazer benefícios não só aos Assistidos, mas a Membros e Servidores da Instituição, que participam como importantes construtores da justiça e das conquistas sociais.


*Isabel Cristina Izzo
é psicóloga, diretoria regional de Gurupi



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