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Atenção aos passos para a adoção

Publicado em 25/05/2017 15:30
Autor(a): Isabel Cristina Izzo
Atenção aos passos para a adoção - Foto: Divulgação

Donald Winnicott (1983), denomina ambiente suficientemente bom” aquele onde os cuidadores têm a capacidade de proporcionar segurança e continência frente às possíveis crises que a família irá enfrentar, permitindo que elas aconteçam, sem perder a capacidade de continuar estável. O “holding”, que enfatiza o cuidado com o bebê, assunto ao qual me volto sempre que posso, uma vez que é ele quem dá sustentação e fornece elementos imprescindíveis na vida afetiva do ser humano é novamente aqui colocado como necessidade absoluta em momentos tão delicados quanto a aproximação e a convivência de uma criança adotada com sua nova família.

Quando se adota uma criança, é preciso estar pronto a doar-se a ela, como requer qualquer situação de paternidade. No caso específico da adoção, “a criança adotada também precisa adotar os pais”. Muitas crianças esperam que ao serem retiradas de uma Instituição já estarão resguardadas do abandono, porque idealizam e sonham todos os dias com a nova família, porém muitas vezes isso se converte em mais sofrimento e dor.  Por isso a adaptação entre a criança e a família, a elaboração do luto pela mãe de origem, a nova construção afetiva, o sentimento de pertinência a este novo contexto familiar e a fase de desenvolvimento em que se encontra a criança com suas particularidades devem ser observados e trabalhados. Os psicólogos realizam atendimentos e orientações, objetivando amparar tanto a criança adotada quanto à família que a adota. Porém os olhos da psicologia devem se voltar primordialmente para que a criança não seja apenas desvinculada da instituição que a abriga, mas que seja compreendida em todas as suas perdas acumuladas. A rejeição, que é um dos piores e mais dolorosos sentimentos vivenciados pelo ser humano, remeterá a criança à perda de esperança, descrença nos adultos, tristezas e decepções, que se somam a tantas outras.

A aproximação de uma criança institucionalizada a um novo contexto familiar e posteriormente sua legalização, requer afetividade de todos os envolvidos, sobretudo da equipe interdisciplinar que a intermedeia. Trabalhemos juntos, para que a sociedade sobreviva aos ataques da criança que sofre e não confirme suas ansiedades de abandono.

Isabel Cristina Izzo, Analista em Gestão Especializada-Psicologia

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