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A negação das conquistas

Publicado em 22/05/2017 14:00
Autor(a): Isabel Cristina Izzo
A negação das conquistas - Foto: Divulgação

Dominar, apossar-se, apoderar-se, ocupar, capturar, tomar, assenhorar-se, vencer, derrotar são alguns sinônimos da palavra “conquistar”. Mas “conquista” vista não apenas como uma simples palavra, mas como uma “ação” pode significar “transformação” e “libertação”.  Muitas têm sido nossas conquistas: as políticas, as sociais, como as de gênero, de raças e outras tantas que se fizeram e ainda se fazem necessárias. Mas, será que todos os que buscam e se dedicam a obtê-la, de fato as obtêm?

Todos estão sendo ouvidos ou muitos sequer estão sendo notados? Todos estão sendo libertos de suas dores ou muitos ainda agonizam? Todos têm sido sujeitos ou muitos ainda são assujeitados?

Frente a dolorosas tentativas de falas ou murmúrios, singulares ou plurais, encontram-se os discursos, a burocracia, a ignorância, a prepotência, a resistência, o preconceito, a dúvida e a negação da dor do outro. Falta a empatia. Colocar-se no lugar do outro. Mas isto requer treinamento e doação, que às vezes nem a própria existência ensina como fazê-los. O indivíduo que sofre, tem que provar que sofre, tem que lutar para expurgar suas dores e há dois tipos delas, as que vêm e vão, e as que vêm e ficam. Com estas, teremos que aprender a conviver, porque poderão perdurar durante toda a nossa vida. Diante disso, a Psicanálise aprofunda-se na busca da origem, dos porquês das dores e tenta ajudar nos seus enfrentamentos.

Na contemporaneidade, já se observam mudanças que apontam para a necessidade de compreender melhor o outro, mas muito ainda há a fazer.  Serviços públicos ou privados onde as decisões culminavam na maioria das vezes em decisões impositivas, visando celeridadee finalização de um conflito, hoje dão lugar a conversas, debates, mediações, constelações, psicodramatizações, pois parece tornar-se possível enxergar que o ser humano não pode ser tratado como “número” a ser inserido a um processo estatístico.  Compreende-se a importância de considerar suas necessidades, seus temores, suas culpas, suas raivas e se busca compreender de onde tudo isso brota e para onde se alastra, na tentativa de não incorrer na repetição, na ineficiência, no desgaste e no inacabado.

Sendo a Psicologia, a ciência que se preocupa com o comportamento humano e seus processos mentais, estudando o que motiva o comportamento, o que o sustenta, o que o finaliza, estudando seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência; vem a participar enormemente desse novo processo de valorização e compreensão do ser humano e convida a todos a impregnarem-se de empatia a fim de que não se permita que os direitos que são adquiridos sejam só teorizados e manipulados, mas sejam respeitados e praticados. Sejamos todos nós, as mulheres oprimidas, os homossexuais estigmatizados, as crianças violentadas, os idosos abandonados, os drogados evitados, as mulheres e os homens encarcerados, os desempregados, os desamparados.

“Muitas vezes, a minha mão era a única que o outro conseguiria segurar, mas desatento, eu estava com as mãos nos bolsos”.


Isabel Cristina Izzo, Analista em Gestão Especializada-Psicologia, Regional Gurupi.

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